Vem já do século XVIII o conhecimento que os médicos tinham de que a estimulação eléctrica tinha a capacidade de produzir a contracção dos músculos existentes no corpo.
Em 1788, Charles Kite recebeu a medalha de prata da Medical Society of London, graças a um ensaio que escreveu e onde recomendava mesmo esta solução com o objectivo de conseguir ressuscitar os pacientes após situações de paragem cardíaca.
Esta relação entre os músculos, especialmente o do coração, e as cargas eléctricas, acabou por levar à criação de um pequeno aparelho, hoje em dia conhecido como pacemaker, que como se sabe é um dispositivo com a capacidade de estimular a parte eléctrica do músculo cardíaco para assim manter uma base de cadência regular e contínua.
No final da década de 40, o canadiano John Alexander Hopps, considerado o pai da engenharia biomédica do Canadá, estava a realizar uma série de estudos sobre a hipotermia. Com o evoluir das suas experiências, apercebeu-se que era possível retomar os batimentos cardíacos através, quer da sua estimulação eléctrica, quer mecânica. Entusiasmado com estes resultados, decidiu por em prática uma série de novas tentativas experimentais que o levaram finalmente a inventar, em 1951, o que é considerado o primeiro pacemaker. Era um aparelho de uso externo, muito pouco cómodo e bastante desagradável para os pacientes, especialmente nas suas deslocações.
O primeiro pacemaker de uso interno foi inventado na Suécia. O engenheiro biomédico Dr. Rune Elmquist foi o seu criador e o cirurgião cardíaco Dr. Ake Senning, também sueco, foi quem o implantou no primeiro paciente do mundo, numa operação considerada na altura, (1958), como altamente experimental e arriscada.
O paciente chamava-se Arne Larsson e tinha síndrome de Stokes-Adams, uma doença que provoca síncopes súbitas decorrentes de uma arritmia cardíaca.
A implantação do pacemaker foi um sucesso e Larsson viveu até 2001, falecendo com 86 anos, sobrevivendo aos dois médicos suecos que o trataram.
Muito mudou desde 1958 e se o primeiro pacemaker era do tamanho de um disco de hóquei no gelo, actualmente, com a evolução tecnológica, estes aparelhos já são do tamanho de uma moeda pequena e apresentam uma fiabilidade milhões de vezes superior.