origem das coisas
A Origem das Coisas

Quando, Onde, Como, Por Quem…

 
   

Desde sempre os fenómenos naturais foram envolvidos por uma certa dose de misticismo destacando-se neste aspecto as trovoadas caracterizadas por raios e trovões atemorizadores.

Em tempos antigos os relâmpagos eram tidos como as manifestações mais poderosas e surpreendentes da natureza. A sua intensa luminosidade acompanhada do troar intenso dos trovões fazia, pelo medo que causavam associado à incapacidade da sua explicação, diversas religiões pensar que tinham origem divina e que eram fruto da ira dos deuses.

Os nórdicos elegiam Thor como o deus dos relâmpagos que utilizava o seu martelo mágico Mjölnir para atingir os corpos celestes provocando o barulho intenso. Já o dardo divino de Virgílio fustigava os homens com fogo, chuva e granizo. Os gregos acreditavam que os Ciclopes, gigantes com apenas um olho, fabricavam os raios para que Zeus, o deus dos céus, os lançasse sobre a humanidade. A impotência que o homem sentia face à força das tempestades de origem divina levou-o a colocar figuras assustadoras no cimo de muitos edifícios, como as gárgulas, para que com o seu aspecto afugentassem os raios.

Só com as descobertas científicas do século XVIII e com o aparecimento do iluminismo é que o Homem começou a compreender e tentar controlar a natureza. Segundo consta, o cientista William Wall foi o pioneiro em constatar que a faísca emergente de âmbar electrizado era idêntica à de um raio. Outras experiências sugeriam também que os relâmpagos eram reacções eléctricas na atmosfera.

Para comprovar essas e outras hipóteses, Benjamim Franklin teve inicialmente a ideia de colocar uma vareta de metal no cimo de uma igreja em construção. Mas como a obra tornou-se demorada na sua conclusão resolveu tentar outra abordagem. Contrariamente ao que é normalmente relatado, Benjamin Franklin não correu pelo campo segurando um papagaio no meio de uma trovoada pois como cientista que era sabia bem que provavelmente morreria electrocutado.

Assim, em 1752, na cidade de Filadélfia, quando se aproximava uma tempestade e com a ajuda do seu filho, instalou no seu quintal umas varetas de metal que estavam ligadas num lado a um papagaio através de arame metálico e pelo outro lado a aparelhos no interior de sua casa. Franklin pretendia provar a sua teoria de que a descarga do raio atraída pelo arame conduziria energia eléctrica e poria os aparelhos a funcionar. O resultado foi positivo e provou que as nuvens produziam electricidade.

Esta experiência levou à principal contribuição para a criação do pára-raios. De facto Benjamin Franklin rapidamente se apercebeu que os elementos condutores que tinham uma ponta afiada conseguiam direccionar a carga eléctrica de forma silenciosa e em distâncias longas.

Imediatamente percebeu que esta característica poderia ser usada como forma ideal para se proteger edifícios, bastando para tal instalar barras de ferro verticais no topo dos edifícios, banhadas a ouro para evitar a ferrugem, e de cada uma dessas barras sairia um cabo condutor que seguiria pelo exterior do edifício até ao solo, onde seria dispersada a carga eléctrica do raio.

Esquema básico de um pára-raios

Esquema básico de um pára-raios

Foi esta, sem dúvida, a origem dos futuros pára-raios que foram sucessivamente aperfeiçoados.

Hoje nos pontos mais altos de qualquer cidade estão montados pára-raios para maior protecção dos edifícios públicos e dos lares das populações, servindo para captar de forma eficiente as potentes descargas eléctricas que ocorrem em situações de temporais.

Curiosidades:

– o medo irracional de trovões e de raios designa-se Queraunofobia, causando como sintomas a ansiedade, palpitações, falta de concentração e medo de morrer, entre outros;

– a probabilidade de uma pessoa ser atingida por um raio durante todo o seu período de vida é inferior a uma por milhão. Mas se estiver numa área descampada e plana essa hipótese aumenta para uma por mil.

– a diferença entre relâmpagos e raios é que são considerados relâmpagos todas as descargas eléctricas geradas nas nuvens da tempestade, independentemente de atingirem ou não o solo. Já os raios são apenas aquelas descargas eléctricas que atingem o solo.